sábado, 11 de setembro de 2010

Qualidade e quantidade!



Tenho conversado muito sobre a qualidade e a quantidade dos médiuns e dos assistentes, ou melhor dizendo, do povo de terreiro. Terreiro cheio ou vazio, sem qualidade no atendimento aos consulentes ou aproximação com o público terreiro é um vazio e perda de tempo. Por incrível que pareça terreiro cheio é as vezes sinônimo de mal atendimento e até incapacidade administrativa.

Em uma das minhas visitas de estudo fui a um ambiente espiritual e fiquei deveras impressionado com a quantidade de pessoas, muitas delas vindas de várias cidades do Brasil. A mecanicidade dos atendimentos também me impressionou, pois você entra sem entender nada e vai embora nas mesmas condições. (hipnose coletiva)

Aliado a tudo isso está a capacidade e grau consciencional das lideranças dos terreiros, se a vaidade já bateu e entrou por porta a dentro o caos se instala. Fica tudo mais difícil, as coisas não fluem, ninguém entende nada e as pessoas sentem um vazio em suas buscas. Tudo isso aliado a baixa qualidade dos médiuns, os quais na maioria das vezes não sabem nem mesmo o que estão fazendo naquele ambiente.

Parece uma cena de teatro, onde todos ensaiaram bem seus papeis, mas não conseguiram atingir o que interessa - o público. Se o chefe do terreiro é vaidoso e vende a alcunha de “sabe tudo” e não tem a humildade de ouvir os seus companheiros de trabalho, seja no plano físico ou espiritual, a coisa descamba. Pois a vaidade é realmente uma desgraça no meio umbandista.

“Eu sei e ninguém mais sabe” - a velha fórmula e forma de domínio. Tentar ser o que não é, se torna uma triste novela de equívocos e até de esquecimentos, pois nesta inabalável fantasia, se esquece até do que já foi dito e confirmado nas fantasiosas sessões de animismo, as quais ainda assolam a nossa querida umbanda, e, haja conflito, briga disputa e cansaço. Isso mesmo, as pessoas se cansam e o que era antes uma alegria se transforma em uma obrigação cansativa e sem propósito. Em alguns casos a fé vai embora e quando as pessoas começam a analisar suas vidas e perceberem que continuam no vazio eterno, isso quando não sofreram perdas inenarráveis, as coisas ficam ainda mais complicadas (dor e sofrimento).

Dentre estas perdas, o convívio com a família, as relações sociais, matrimoniais, financeiras e outras se abalam quando não se perdem pela irresponsabilidade de incautos dirigentes de nada. No somatório a perda é muito maior do que se pode perceber e como tempo não se recupera, quando você acorda os dividendos desta falta de qualidade geral, já destroçou o que você tinha de mais valioso – sua liberdade.

Por isso o nosso alerta, a verdadeira umbanda liberta, não cria amarras, o prazer tem que ser permanente, pois umbanda sem amor e respeito ao outro, não passa de uma ilusão coletiva, onde no final todos sofrem e fazem sofrer.

Valorizo a qualidade e ela vem do céu, nunca pensei em ser umbandista (conscientemente), hoje sou e não inverto as coisas. E para finalizar reafirmo o que dizia o velho Chico Xavier, prefiro que o telefone continue tocando de lá pra cá.

Embrulhe a sua ignorância, esqueça a sua vaidade, desligue o seu orgulho (chefe de terreiro) e se divida mais em favor dos outros, pare de pensar que você é um privilegiado e que vai reinventar a roda. Não escravize os seus discípulos e seus assistentes, liberte-os, faça deles divulgadores da arte do amor e não um bando de puxas-saco incapazes e dependentes de você (mesmo porque você não tem muito para oferece-los, só pode dar quem tem e o plano espiritual responde por isso).

Afaste-se do atavismo, do conto da iniciação e pare de acabar com a vida dos outros, o tempo urge e você poderá ficar em maus lençóis. Melhor que um templo cheio de nada é ter um pouco que é valioso e esse todo começa através da verdade e do amor que diz “não chega”.

Quero pouco, muito pouco. Para mim nada para nós tudo!

Acho que respondi seu questionamento.

Aratanan

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