Era uma vez ......
Um sapo que morava na beira de um riacho. Sua rotina de vida se fixava em acordar, dormir, comer e “sexar”. Sua vida não era das melhores, mas era uma boa vida. Ar puro, alimentação à vontade, pouco perigo e garantia de ter um lugar para morar.
Numa bela noite, antes de dormir nosso amigo sapo inspirado por uma alegria muito pessoal, agradeceu ao dono do mundo por poder fazer parte daquela obra sem ter que despender muita energia, apenas precisava cumprir o papel que lhe foi direcionado e gozar da plenitude de apenas existir. Agradeceu a caminha de capim que possuía, a abundância de água que tinha e a certeza que depois de uma bela noite de sono, teria todo um dia para fazer o seu papel no grande projeto do dono do mundo.
Passados muitos anos de plena alegria e tranquilidade, o nosso amigo sapo, notou que água do riacho que era abundante começou a diminuir. Notou de forma insofismável que a natureza ao seu redor parecia estar morrendo, que as coisas do seu cotidiano não tinham mais o mesmo brilho. Percebeu que a natureza em que vivia estava distante dele de alguma forma. Seus amigos sapos já não conseguiam enxergá-lo e que a sua vida havia mudado radicalmente. Muito triste começou a chorar e pedir ao dono do mundo que lhe enviasse ajuda, pois por mais que ele quisesse fazer o de sempre, a sensação era de ele estava desligado daquele mundo.
Ao anoitecer e em seu silêncio pessoal, o sapo carregado de tristeza em sua mente, procurou abrigo onde sempre teve o costume de dormir. De repente, uma luz forte começou a brilhar nos céu e dela surgiu um sapo mágico, que após uma breve reverência, começou a dialogar com o nosso amigo sapo.
- Boa noite amigo sapo! Disse o sapo mágico que surgiu da luz.
- Boa noite! Respondeu nosso personagem.
- Posso saber o motivo de tanta tristeza?
- Claro que pode. Basta ver a minha vida atual, para sentir a dor que me persegue em tanta agonia. Acordei hoje, meio que deslocado de tudo que sempre vivi. Fiz meu papel por anos, mas agora me sinto como desligado do meu mundo. As coisas estão sem graça e eu não consigo mais me relacionar com o mundo.
- Ora amigo sapo, tudo neste mundo tem seu tempo. Nascemos, crescemos e envelhecemos. Somos como as frutas das árvores, produzimos nossos frutos para que eles dêem continuidade a árvore que um dia fomos. Nascemos e morremos constantemente. Nosso trabalho e esforço no fim são direcionados apenas para a nossa vida e evolução consciencional.
- Será?
- Claro que é. Não podemos mudar nada neste mundo que não seja permitido pelo dono dele. Somos seus operários, mas nossas obras são pré-determinadas e com o passar dos tempos somos habilitados pela experiência a construir obras que abriguem a todos.
- Que ótimo, mas como faço para me habilitar a esta obra.
- Simples basta esperar o chamado do dono do mundo.
- Que legal, depois de tanta tristeza e desconforto, você me ajudou a compreender que devo esperar e cumprir com carinho minha missão em favor desta obra.
- Isso mesmo. Agora preciso ir, pois tenho outras tarefas a cumprir. Antes, porém, queria lhe fazer um convite, pois já ia me esquecendo que o fruto desta visita, foi chamá-lo para a continuidade da obra do dono do mundo.
- Ótimo, pode contar comigo, vou dispor todo o meu esforço para a continuidade desta obra. Na verdade tenho certeza que cumpri bem o meu papel, sabendo também que o dono do mundo além de generoso sabe de tudo que eu preciso e necessito para caminhar. Vamos embora agora!
Assim a luz que se fazia presente absorveu o nosso amigo sapo e levou o mesmo paras obras do grande construtor do mundo. Na beira do riacho o silêncio de sempre e o corpinho inerte do que um dia pertenceu ao nosso amigo sapo.
(Nossa sorte é que este sapo não era umbandista, senão ele iria querer ......)
Aratanan - A fábula é para crianças, mas serve para adultos.
Aratanan - A fábula é para crianças, mas serve para adultos.
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