quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Sou Umbandista! Quem são meus amigos umbandistas?




Já vi classe desunida, mas os umbandistas credo em cruzes. Será que o Amor que pregamos se reserva aos limites de nosso terreiro? A paz que evocamos se restringe a nossa seara de trabalho? Os bons guias são apenas os que nos assistem? E para finalizar, pergunto, viemos neste mundo para construir um castelo religioso, colocar tudo que nos interessa lá dentro, lacrar as portas e nos trancarmos em nosso reino pessoal?

Quando era mais jovem, o medo no terreiro era de terra de cemitério, a famosa “fundunga”, era só receber uma visita e ficar todo mundo de olho para ver se os visitantes não iriam jogar terra de cemitério dentro do terreiro. Depois da vista, dá-lhe defumação, banho, comida e etc. Muito das vezes e na maioria delas, o visitante só queria estreitar os laços de amizades, talvez por uma solidão coletiva, pois o dito cujo só tinha amigos discípulos e participantes de sua corrente.

Outras vezes criavam-se disputas entre pais e mães de “santo” – detesto esta alcunha, por isso vou usar chefes de terreiro - onde a guerra perdurava por anos. Tínhamos que tomar partido e trabalhar feito louco contra irmãos que muito das vezes não tinham nem ciência da guerra, mas por pura alienação psíquica de um lado a mesma acabava acontecendo. Dá-lhe, descarga, amacy, ebó e outras coisas dispensáveis mais. No fundo, não existia guerra nenhuma, o que existia era muita das vezes uma vaidade desgraçada e um medo dos adeptos mudarem de lado ou até mesmo uma simples e ignorante manifestação de desconhecimento das coisas sagradas.

Com tempo e abraçando idéias que me pareciam pertinentes, começamos a divulgar a união irrestrita, mas fizemos a escolha errada, pois abraçamos uma idéia que não passava de uma simples manipulação pelo poder. Onde o chefe não descia do palanque por nada e éramos expostos frente as nossas inocências patológicas, fazendo papel de bobo frente a uma Umbanda mercadológica. Naquela época fazíamos até pose de sabidos, mas idiotas que éramos não pensávamos e fazíamos como nas brincadeiras de criança – “- Mestre mandou ... e pronto”! Hoje consigo rir desta baboseira e até mesmo fazer choça da minha ingenuidade.

Atualmente paro e penso no povo de Umbanda, em suas lideranças e em muita coisa boa perdida por este mundo a fora. Quantos ensinamentos verdadeiros, quantas experiências e vivencias em favor desta manifestação da lei que vão se perder com o tempo. Penso na solidão de cada líder ou adepto, nas questões mal resolvidas e até mesmo nas perdas de energia que temos por não estarmos juntos.

Fazer o que? Pelo menos faço minha parte, abro meu coração a todos. Já convidei e convido vários representantes de outras manifestações religiosas para o convívio fraterno. Sou privilegiado, pois não sou dono da verdade, brigo apenas pelas minhas crenças, as quais são relativas como as leis da física. Visitei e já tive o prazer de receber grandes visitas, nunca quis transformar ninguém em Umbandista, posso até ter ajudado, mas cada um tem a sua caminhada, e procuro Deus, Jesus, Alá, Maomé, Moisés, Jeohva, Crisna, Buda, Bramha, Olorum e várias manifestações do sagrado dentro do universo íntimo de cada ser vivente.

Prefiro ser uma metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.

Sou umbandista, tenho amigos umbandistas fora de nosso terreiro e você? Vai esperar o sino da igrejinha tocar para mudar a sua forma e modo de ver seus irmãos?

Aratanan – Antes mal acompanhado que só!!!

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