quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Religião, religiosidade ou tábua de salvação?





Pense no primeiro homem que surgiu sobre a face da terra, se é que ele surgiu sozinho. Pense nos seus traumas vivências, crenças, pensamentos, doutrinas, modos e costumes. Pense na solidão e no desamparo de ter surgido neste planeta sem que lhes fossem ditas as suas reais origens e as bases de sua constituição. Pense na falta que este homem sentia do pai ou criador que deveria tê-lo gerado, ao invés de lançá-lo em um planeta sem lhe mostrar as raízes de sua origem.

Consegiu pensar?

Então se prepare para seguinte notícia: existe muito deste primeiro homem dentro de voce. Estas questões mal resolvidas habitam seu ser diuturnamente, temos ainda muito deste homem primitivo. Nossos instintos e verdades caminham de forma silenciosa dentro desta herança genética. Ainda caçamos, habitamos e temos relações sociais muito pareceidas com as relações deste primeiro homem. Fazemos a guerra, lutamos por comida, religião, conforto social e demais mazelas de nossa essência animal da mesma forma do exemplo que foi dado.
Somos fruto desta intrincada manipulação genética, realmente somos filhos das estrelas e viemos habitar este planeta na condição de escravos de nossos destinos e deliberadamente compromissados com nossa evolução que é meramente espiritual.

Para complementar pense no fato que durante muito tempo a ciência e a religião andaram de mãos dadas, elas eram uma só manifestação dos conhecimentos terrenos e espirituais. Com a separação foi criado um novo modelo de percepção das coisas, onde o que é espiritual não pode ser científico e vice versa. Quem perde com isso somos todos nós, pois a crença ou discrença nas realizações espirituais passa sempre pelo crivo da necessidade de comprovação fática.

No que se refere a religião, criou-se um sentimento de culpa em relação a suas verdades, pois a medida que os fatos religiosos não são aceitos pela ciência, o religioso se enveredou para uma situação de eterno culpado, sentindo-se desconfortável todas as vezes que sua fé é colocada a prova, ou quando não consegue provar os atos de suas crenças. Para os cristãos a imagem do cristo crucificado passou a ser a cruz de cada um, pois por pura manipulação dos fatos aquela imagem os impele a culpa pela crucificação do grande mestre.

Nós os umbandistas criamos uma situação reversa de culpa onde o não seguir uma base ou uma transmissão oral de um determinado culto ou linha nos traz a sensação de traição das coisas que nos foram passadas e pelos compromissos que assumimos em pretéritas passagens de nossas vidas. Tudo isso nos faz ver verdades que muito das vezes nem acreditamos nelas, mas por estarmos engessados nestes compromissos, nos comportamos, como verdadeiros cristãos, apenas para diminuir o sentimento de culpa e solidão que nos foi transmitida pelo primeiro homem que habitou este lindo planeta.

Iniciar é caminhar dentro do processo evolutivo, onde após vencermos os entraves da carne, fazemos nascer o homem espiritual disvinculado desta simbiose, ciente de sua eterna caminhada em favor de si e de todos os outros que merecem o seu amor.

Falar de amor é simples, praticá-lo é o grande grande problema de nossa humanidade.

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