domingo, 24 de outubro de 2010

Arde no peito que nem fogo!



Meu amor pela umbanda arde no peito que nem fogo. Nem quero parar para pensar se ela é a melhor das religiões, apenas faço com que ela seja a melhor para mim e para aqueles que o convívio me permite a presença.

Este “fogo” começa como água fria na maioria das vezes, isso independe de termos na família parentes ligados à umbanda, ficamos a distância apenas vendo e muitas das vezes criticando. Eu mesmo fiz isso, pensava que ser umbandista era se ligar a ignorância, matar bicho e fazer porcariada nas esquinas de rua. Confesso que continuo pensando ser uma estupidez matar bichos em busca de sangue (podemos usar o carvão = sangue preto, mel = sangue vermelho, sal = sangue branco, água de coco = sangue branco e etc, e, funciona, pode acreditar) e sujar as esquinas de rua (verdadeira encruzilhada se encontra na intercessão dos pontos cardeais, ou seja, no meio das linhas que ligam o norte, o sul o leste e o oeste).

Esta água fria só começa a esquentar quando as provas surgem – meu Deus do céu ou melhor Deus nos acuda. Quanto sofrimento, tem hora que dá até um desespero, mas quando estamos na beira do abismo, vem uma mão não sei de onde (mas você pode imaginar) e nos socorre como um passe de mágica. As coisas clareiam e o milagre acontece, os problemas são solucionados de uma hora para outra, tudo de bom acontece, a fé começa a brotar, e, a água começa a esquentar.

Com o tempo vem a retórica, grande figura de repetição, você começa a se influenciar, frequentar e se dedicar, ai a água esquenta um pouco mais. Uns agüentam a ebulição, outros preferem deixar a água esfriar, passam a acreditar, mas não querem se dedicar ou vivenciar a fervura, ou melhor, a ebulição.

Eu como sempre ando na contramão, pois sou daqueles que vou fundo nas coisas, quis saber o que tinha do outro lado do muro e por conseqüência eu vi a luz e como a luz é bacana. Impressiona as vistas e vicia a alma, você sempre quer mais. O meu batismo foi um batismo de sangue (no Omolocô) e, por sabedoria daqueles que me assistem (tudo isso por piedade frente a minha ignorância) foi um batismo de “sangue (no meu caso o mel = sangue vermelho). Bendito seja o dia que sorvi daquele mel, as mascaras caíram, minha essência se fundiu com o cosmos e eu vi a verdadeira luz. Quanta emoção! E água ferveu e como ferveu.

Quando a água secou os metais se fundiram e meu coração ardeu no peito como o fogo queima. Foi bom para mim e pode ser bom para todos aqueles que querem encontrar o fogo divino. O caminho é árduo, mas o gozo é eterno, e, este eu divido com todos sem exceção nenhuma, pois esta água agora fervida é boa de beber.

Faço votos que um dia bebamos da divina água purificada (desculpem a metáfora), mas esta água dá vida e a água da boa sorte. A taça sagrada da vida eterna, o Santo Graal e o elixir da longa vida.

Saravá fraternal ao Velho Cacique (Deus) e a todos os moradores do que os habituamos a chamar de céu.

Aratanan