quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Umbanda e Avareza ...


Os avarentos. Dante conversa com o papa Adriano V (Divina Comédia, Purgatório, Canto XIX) - gravura de Gustave Doré, século 19

Relacionada com os tratos pessoais referentes à perda, a avareza como um dos males que infligem o crescimento espiritual dos seres humanos é o reflexo de comportamentos não refreados que se fixam na infância com reflexo direto na alma de cada ser.

O avaro se fixa na incapacidade de se dividir e de compartilhar as coisas que possui. Filho do egoísmo precisa entender as leis universais de boa convivência para se libertar das amarras impostas pelo egoísmo. Para vencer este vício o avaro precisa solidificar os conceitos de magnanimidade (sol) e da temperança (Vênus) para que devidamente escudado pela castidade mental possa se ver livre do acúmulo e do excesso que na realidade pertence a todos.

A avareza, quando permitida pela invigilância, vibra em todos os campos da manifestação humana apenas anulando os princípios e regras universais as quais estamos submetidos. Sua capacidade mental pode ficar prejudicada pela fixação e medo de ser superado em suas empreitadas de cunho consciencional. Sua manifestação astral ou emocional é por vezes recheada de injustiças, vez que o egoísmo que o nutre pode trazer dissabores e falta de caridade para com os que prestam apoio emotivo.

Fisicamente ele se esgota ao perder energia nas questões de trato pessoal, mantendo um escudamento corporal que se dinamiza negativamente em suas questões físicas. Se o excesso de desprendimento pode trazer consequências danosas no que se refere à manutenção da própria existência, o acúmulo desmedido também é nocivo às questões de sobrevivência do próprio ser.

Uma vida recheada de avarezas é uma vida de restrições, pois existe uma grande perda de energia com aquilo que podemos acumular e em contra parte uma perda também com aquilo que precisamos trazer para nossas vivências para nos aperfeiçoar. Assim, o que nos faz bem na maioria das vezes não é de agrado comum e geral, servindo como intoxicação egoística a massagear as nossas mais baixas vilezas. A avareza inclusive, não permite um processo de experimentação e evolução plena, pois danifica e martiriza as questões de trato social, criando muitas das vezes, um isolamento material sem reflexo em nossas necessidades de evolução coletiva.

Penso que o avaro não tem uma certeza sobre sua passagem temporal no corpo carnal, a sensação que o sustenta é de eternidade na matéria, todos os exemplos ligados ao desencarne parecem não afetá-lo diretamente, pois sua visão egoísta não lhe permite acessar novas possibilidades sobre as leis naturais de empréstimo que a mãe natureza nos permite de forma muito altruísta e verdadeira.

Assim, se o pródigo peca pelo desprendimento, o avaro se aniquila pela incapacidade de dividir e se dividir, muitas vezes em favor dele mesmo. Para finalizar, independente do campo de atuação da avareza, ou seja, dinheiro, trabalho, conquistas pessoais, sexuais e outras, tem o avaro a sensação de que ao acumular terá a felicidade resguardada pelo aporte material, ato que na maioria das vezes se dissolve frente a aplicação das leis naturais, principalmente a doença (forma perfeita de ensino e valoração da existência).

Na Umbanda, pior do que ser avaro é não ter capacidade para lida e ficar pelas espreitas buscando o que ainda não nos é permitido. Tudo tem sua hora e seu tempo, deve ser por isso que temos tantos desajustados em nosso meio, os quais não conseguem sustentar o pouco que possuem e querem de forma muito sorrateira acumular o que ainda não conseguem carregar. E se lhes é dado de forma antecipada, não fazem nada em favor deles mesmo e quiçá dos outros que os tem como referência.

Aratanan - Vaidade, vaidade, vaidade ...