quarta-feira, 24 de agosto de 2011

O Sapo Mágico!!! (Fábula Infantil)





Era uma vez ......

Um sapo que morava na beira de um riacho. Sua rotina de vida se fixava em acordar, dormir, comer e “sexar”. Sua vida não era das melhores, mas era uma boa vida. Ar puro, alimentação à vontade, pouco perigo e garantia de ter um lugar para morar.

Numa bela noite, antes de dormir nosso amigo sapo inspirado por uma alegria muito pessoal, agradeceu ao dono do mundo por poder fazer parte daquela obra sem ter que despender muita energia, apenas precisava cumprir o papel que lhe foi direcionado e gozar da plenitude de apenas existir. Agradeceu a caminha de capim que possuía, a abundância de água que tinha e a certeza que depois de uma bela noite de sono, teria todo um dia para fazer o seu papel no grande projeto do dono do mundo.

Passados muitos anos de plena alegria e tranquilidade, o nosso amigo sapo, notou que água do riacho que era abundante começou a diminuir. Notou de forma insofismável que a natureza ao seu redor parecia estar morrendo, que as coisas do seu cotidiano não tinham mais o mesmo brilho. Percebeu que a natureza em que vivia estava distante dele de alguma forma. Seus amigos sapos já não conseguiam enxergá-lo e que a sua vida havia mudado radicalmente. Muito triste começou a chorar e pedir ao dono do mundo que lhe enviasse ajuda, pois por mais que ele quisesse fazer o de sempre, a sensação era de ele estava desligado daquele mundo.

Ao anoitecer e em seu silêncio pessoal, o sapo carregado de tristeza em sua mente, procurou abrigo onde sempre teve o costume de dormir. De repente, uma luz forte começou a brilhar nos céu e dela surgiu um sapo mágico, que após uma breve reverência, começou a dialogar com o nosso amigo sapo.

- Boa noite amigo sapo! Disse o sapo mágico que surgiu da luz.
- Boa noite! Respondeu nosso personagem.
- Posso saber o motivo de tanta tristeza?
- Claro que pode. Basta ver a minha vida atual, para sentir a dor que me persegue em tanta agonia. Acordei hoje, meio que deslocado de tudo que sempre vivi. Fiz meu papel por anos, mas agora me sinto como desligado do meu mundo. As coisas estão sem graça e eu não consigo mais me relacionar com o mundo.
- Ora amigo sapo, tudo neste mundo tem seu tempo. Nascemos, crescemos e envelhecemos. Somos como as frutas das árvores, produzimos nossos frutos para que eles dêem continuidade a árvore que um dia fomos. Nascemos e morremos constantemente. Nosso trabalho e esforço no fim são direcionados apenas para a nossa vida e evolução consciencional.
- Será?
- Claro que é. Não podemos mudar nada neste mundo que não seja permitido pelo dono dele. Somos seus operários, mas nossas obras são pré-determinadas e com o passar dos tempos somos habilitados pela experiência a construir obras que abriguem a todos.
- Que ótimo, mas como faço para me habilitar a esta obra.
- Simples basta esperar o chamado do dono do mundo.
- Que legal, depois de tanta tristeza e desconforto, você me ajudou a compreender que devo esperar e cumprir com carinho minha missão em favor desta obra.
- Isso mesmo. Agora preciso ir, pois tenho outras tarefas a cumprir. Antes, porém, queria lhe fazer um convite, pois já ia me esquecendo que o fruto desta visita, foi chamá-lo para a continuidade da obra do dono do mundo.
- Ótimo, pode contar comigo, vou dispor todo o meu esforço para a continuidade desta obra. Na verdade tenho certeza que cumpri bem o meu papel, sabendo também que o dono do mundo além de generoso sabe de tudo que eu preciso e necessito para caminhar. Vamos embora agora!

Assim a luz que se fazia presente absorveu o nosso amigo sapo e levou o mesmo paras obras do grande construtor do mundo. Na beira do riacho o silêncio de sempre e o corpinho inerte do que um dia pertenceu ao nosso amigo sapo.



(Nossa sorte é que este sapo não era umbandista, senão ele iria querer ......)

Aratanan - A fábula é para crianças, mas serve para adultos.

Sou Umbandista! Quem são meus amigos umbandistas?




Já vi classe desunida, mas os umbandistas credo em cruzes. Será que o Amor que pregamos se reserva aos limites de nosso terreiro? A paz que evocamos se restringe a nossa seara de trabalho? Os bons guias são apenas os que nos assistem? E para finalizar, pergunto, viemos neste mundo para construir um castelo religioso, colocar tudo que nos interessa lá dentro, lacrar as portas e nos trancarmos em nosso reino pessoal?

Quando era mais jovem, o medo no terreiro era de terra de cemitério, a famosa “fundunga”, era só receber uma visita e ficar todo mundo de olho para ver se os visitantes não iriam jogar terra de cemitério dentro do terreiro. Depois da vista, dá-lhe defumação, banho, comida e etc. Muito das vezes e na maioria delas, o visitante só queria estreitar os laços de amizades, talvez por uma solidão coletiva, pois o dito cujo só tinha amigos discípulos e participantes de sua corrente.

Outras vezes criavam-se disputas entre pais e mães de “santo” – detesto esta alcunha, por isso vou usar chefes de terreiro - onde a guerra perdurava por anos. Tínhamos que tomar partido e trabalhar feito louco contra irmãos que muito das vezes não tinham nem ciência da guerra, mas por pura alienação psíquica de um lado a mesma acabava acontecendo. Dá-lhe, descarga, amacy, ebó e outras coisas dispensáveis mais. No fundo, não existia guerra nenhuma, o que existia era muita das vezes uma vaidade desgraçada e um medo dos adeptos mudarem de lado ou até mesmo uma simples e ignorante manifestação de desconhecimento das coisas sagradas.

Com tempo e abraçando idéias que me pareciam pertinentes, começamos a divulgar a união irrestrita, mas fizemos a escolha errada, pois abraçamos uma idéia que não passava de uma simples manipulação pelo poder. Onde o chefe não descia do palanque por nada e éramos expostos frente as nossas inocências patológicas, fazendo papel de bobo frente a uma Umbanda mercadológica. Naquela época fazíamos até pose de sabidos, mas idiotas que éramos não pensávamos e fazíamos como nas brincadeiras de criança – “- Mestre mandou ... e pronto”! Hoje consigo rir desta baboseira e até mesmo fazer choça da minha ingenuidade.

Atualmente paro e penso no povo de Umbanda, em suas lideranças e em muita coisa boa perdida por este mundo a fora. Quantos ensinamentos verdadeiros, quantas experiências e vivencias em favor desta manifestação da lei que vão se perder com o tempo. Penso na solidão de cada líder ou adepto, nas questões mal resolvidas e até mesmo nas perdas de energia que temos por não estarmos juntos.

Fazer o que? Pelo menos faço minha parte, abro meu coração a todos. Já convidei e convido vários representantes de outras manifestações religiosas para o convívio fraterno. Sou privilegiado, pois não sou dono da verdade, brigo apenas pelas minhas crenças, as quais são relativas como as leis da física. Visitei e já tive o prazer de receber grandes visitas, nunca quis transformar ninguém em Umbandista, posso até ter ajudado, mas cada um tem a sua caminhada, e procuro Deus, Jesus, Alá, Maomé, Moisés, Jeohva, Crisna, Buda, Bramha, Olorum e várias manifestações do sagrado dentro do universo íntimo de cada ser vivente.

Prefiro ser uma metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.

Sou umbandista, tenho amigos umbandistas fora de nosso terreiro e você? Vai esperar o sino da igrejinha tocar para mudar a sua forma e modo de ver seus irmãos?

Aratanan – Antes mal acompanhado que só!!!