segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Piloto Automático



Ops! Estamos no piloto automático, ou melhor, fazendo o mesmo de sempre! Em contrapartida, e da mesma forma, nossa querida umbanda, continua seu trajeto inabalável e firme, de forma que nossa interferência não muda os projetos maiores de sua concepção.

Já vimos muitas brigas, muitos chiliques, indecisões, mentiras, falsidades e enganações de sempre, mas a umbanda de todos nós, em sua essência puríssima não muda e não vai mudar nunca. Na verdade, nós é que precisamos dela, não o contrário. Ela, a Umbanda, representa um remédio coletivo muito maior do que a limitação que tentamos lhe impor por efeito de nossos graus consciencionais. Sua imutabilidade como direcionadora de nosso destino é clara, e, ela nunca vai mudar em nossas concepções, se não mudarmos nossas vidas e forma de entender o todo.

Ponto! Então o que muda neste intrincado poder legal e espiritual que se manifesta através da senhora dos véus?

Penso, como já havia dito acima, que as pessoas é que mudam em relação as coisas "imutáveis" que lhes são apresentadas!

Falo isso, com base na observação das pessoas que conheço de forma direta e indireta, frente as questões ligadas a mãe de todas das religiões. Das várias pessoas que conheço e com algumas que até convivi, vejo que todos querem, de certa forma, apenas fazer aquilo que acreditam e defendem como o conjunto de credos e crendices que carregam como verdades. Se somos importantes neste trajeto, tudo bem, se não somos, tchau e benção, a vida continua seus ciclos de renovação, não é mesmo!?

Vejam vocês que a umbanda, nesta caminhada temporal já deixou para trás, isso desde 1908, ou até antes disso, um seleto grupo de ideais e concepções, que em nossas percepções não passam de modalidades de entendimento de um fenômeno maior – a liberdade de consciências.

Quase não vemos mais, os fenômenos físicos em nossos rituais, poucas são as aberturas de novos canais de entendimento. E, para mostrar o verdadeiro cenário em que vivemos, nos distanciamos uns dos outros, vez que, para saúde de nossos grupos, a melhor solução é o afastamento das lideranças para preservação da convivência social deste mesmo grupo. Seria ridículo, se não fosse cômico o estado de distância em que vivemos atualmente. Neste ínterim sempre é bom pontuarmos uma questão, a qual já se repete há muito e que por muitos anos ainda ficará sem resposta – no mundo carnal confiar em quem?

Esta pergunta ultrapassa a questão espiritual, pois o gênero humano com seus contornos e inclinações não é merecedor, em sua quase maioria, de grandes confianças. Em quantos apostamos durante uma vida e nos decepcionamos? E o pior, dentro desta salada de gêneros, e, no final de nossas assertivas e buscas de entrosamento, em quem podemos depositar a confiança de nossas frustrações mais profundas? Nos sobra apenas, a expressão da iniquidade humana e da ignorância do complexo essencial de nossa representação coletiva, frente a um Deus interno que representamos e não conhecemos.

Nesta triste história de perdas e desentendimentos, as pessoas se afastam, a carruagem passa, os cães ladram, mas a senhora dos véus continua sua caminhada. Para nós que a amamos, a tristeza da distância, pois estamos ficando no tempo, no tempo de nossas inconsciências. O certo é que nos aproximando a cada dia da passagem para outros campos espirituais e nos extinguimos a cada dia em que acordamos, pois realmente, o tempo não para!

Hoje me peguei buscando um tema para escrever e me vi de certa forma, sem assunto para este intrincado campo de visão de uma mesma coisa – a senhora dos véus. Quando mais novo poderia até me permitir um discurso mais aguerrido. Mas o tempo e a distância que a vida me proporciona de tudo aquilo que para mim um dia foi uma grande verdade incontestável, não me permitem um diálogo que não seja o da indiferença. É bom envelhecer mentalmente, nossa visão interna fica mais expressiva e nossos julgamentos acabam caindo em um piloto automático. Só assumimos o comando quando é realmente necessário. Sigamos em frente e cumpramos nossa missão, pois no final só nos restará o desconhecimento e uma lembrança vaga de que um dia existimos.

Não queira conhecer a natureza humana, a história nos mostra que somos os carrascos de nós mesmos.