terça-feira, 29 de março de 2011

Sinto Vergonha de mim






Veja como este poema tem plena aplicação em certos vendilhões do templo que hoje se dizem filhos de Umbanda. Pobres desgraçados é o que são!


Sinto vergonha de mim
por ter sido educador de parte deste povo,
por ter batalhado sempre pela justiça,
por compactuar com a honestidade,
por primar pela verdade
e por ver este povo já chamado varonil
enveredar pelo caminho da desonra.

Sinto vergonha de mim
por ter feito parte de uma era
que lutou pela democracia,
pela liberdade de ser
e ter que entregar aos meus filhos,
simples e abominavelmente,
a derrota das virtudes pelos vícios,
a ausência da sensatez
no julgamento da verdade,
a negligência com a família,
célula-Mater da sociedade,
a demasiada preocupação
com o 'eu' feliz a qualquer custo,
buscando a tal 'felicidade'
em caminhos eivados de desrespeito
para com o seu próximo.

Tenho vergonha de mim
pela passividade em ouvir,
sem despejar meu verbo,
a tantas desculpas ditadas
pelo orgulho e vaidade,
a tanta falta de humildade
para reconhecer um erro cometido,
a tantos 'floreios' para justificar
actos criminosos,
a tanta relutância
em esquecer a antiga posição
de sempre 'contestar',
voltar atrás
e mudar o futuro.

Tenho vergonha de mim
pois faço parte de um povo que não reconheço,
enveredando por caminhos
que não quero percorrer...

Tenho vergonha da minha impotência,
da minha falta de garra,
das minhas desilusões
e do meu cansaço.

Não tenho para onde ir
pois amo este meu chão,
vibro ao ouvir o meu Hino

e jamais usei a minha Bandeira
para enxugar o meu suor
ou enrolar o meu corpo
na pecaminosa manifestação de nacionalidade.

Ao lado da vergonha de mim,
tenho tanta pena de ti,
povo deste mundo!

'De tanto ver triunfar as nulidades,
de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça,
de tanto ver agigantarem-se os poderes
nas mãos dos maus,
o homem chega a desanimar da virtude,
A rir-se da honra,
a ter vergonha de ser honesto'.

Rui Barbosa

segunda-feira, 28 de março de 2011

SACERDOTES DE PANO






Eles apontam caminhos com selos de garantia
Longos discursos e falsas promessas
Teorias líquidas, cobranças sólidas
Avisos! Alertas! Pressões! Críticas!

São caminhos sem saída, como um grande labirinto
Onde você se perde de você mesma
E não encontra mais nada

Nem o eco de sua própria voz
Que já não tem mais o som, que já perdeu todo o tom
Porque perdeu os sentidos, perdendo todo o juízo
De não saber mais quem você é
De não saber mais o que você quer

De já não ver o que viu,
Pensando que não ouviu, o grito que ecoou
Vibrando em seu interior,
Tentando te despertar, te acordar para o amanhã,
Que te fizerem esquecer, que te disseram não ser nada do que ali havia
Que você estava errada, que sempre esteve enganada
Que você foi sempre um nada
Enquanto não os encontrou

Os sacerdotes de pano, marionetes de enganos
Vendendo tanta ilusão
No palco de iniciados e de mestres esfarrapados
das vestes que já não possuem

Da luz que já não se acende no escuro de suas mentes
Plantando ocas sementes naqueles que escravizaram

Pisando na Lei que um dia, juraram que honrariam
Mas hoje, jaz esquecida, no sótão daquele teatro

Mas, oh Senhora da Luz!
Ainda tens teus guerreiros, ainda tens teus soldados
Que ergam de suas espadas!
Que guardem os teus Portais
Que honrem a Tua Lei E velem por Tua Luz No Templo dos Imortais! Texto de: "Uma pequena discípula da Raiz de Guiné"