terça-feira, 18 de maio de 2010

Quanto mais conheço o ser humano, mais gosto do meu cachorro!



Estava em viajem ao Rio de Janeiro e vi uma placa com a frase acima, pregada no portão de uma casa. Por mais agressiva que pareça a mensagem, com ela não podemos deixar de concordar, pois como é difícil o gênero humano.

Crucificaram o Grão Mestre Jesus! O que esperar então de nós mesmos?

Vendidos - É o que somos realmente. Fazemos sempre o contrário do que pregamos e quando colocados em prova, rogamos a tudo e a todo filo do saber, para que continue nos enganando em relação às nossas mais baixas atitudes perante o nosso próximo. Primeiro as minhas coisas, depois as dos outros, e está história vai se repetindo dia após dia.

Vendemos a imagem de bons Samaritanos, mas não respeitamos nem a nós mesmos, nos escravizamos por conta de bens materiais e pagamos o preço lógico de nossa sedenta felicidade confeccionada. Deixamos de amar na essência para amar na correspondência. Tudo que oferecemos tem um preço. Somos ou não somos vendidos?

E a nossas amizades, estas não quero nem me alongar, somos amigos fáceis dos poderosos e bem estabelecidos, e, temos uma dificuldade imensa de amarmos os mais desvalidos e próximos, ou seja, todos aqueles com os quais passamos pelas mais diversas provas. Somos as vaquinhas de presépio, quem vê de longe acha “bonitinha” a imagem que fazemos, mas quem nos conhece por dentro vê a falta de vida útil e coletiva que possuímos e que com ela caminhamos.

E quando a coisa descamba para o lado religioso a coisa piora, pois as posições a as análises são deveras de fazer rir – a frase síntese desta abordagem é a seguinte: “Eu sei tudo e ninguém mais sabe nada. Quem quiser aprender alguma coisa que se sujeite ao meu modo de ser e pensar, senão não vou lhe ensinar nada” (risos) – estas posturas são realmente muito engraçadas. Deve ser por isso que possuímos tantos mestres de araque!

Pobres coitados dos religiosos, não é mesmo, os cegos e seu batalhão de cegos. E a aí vem a pergunta: O que fazer? ...... Pois navegar é preciso! E como dizia o poeta português “Viver não é preciso”!

Aratanan de Aracruz – Somos todos vendidos! (Acabei de comprar um cachorro).








Fernando Pessoa

Navegar é Preciso



Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:


"Navegar é preciso; viver não é preciso".




Quero para mim o espírito [d]esta frase, transformada a forma para a casar como eu sou:
Viver não é necessário; o que é necessário é criar.


Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo.



Só quero torná-la de toda a humanidade; ainda que para isso tenha de a perder como minha. Cada vez mais assim penso.


Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir para a evolução da humanidade.


É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.




[Nota de SF "Navigare necesse; vivere non est necesse" - latim, frase de Pompeu, general romano, 106-48 aC., dita aos marinheiros, amedrontados, que recusavam viajar durante a guerra, cf. Plutarco, in Vida de Pompeu]

Nenhum comentário: