segunda-feira, 18 de maio de 2009

PRECISO DE UM DONO – Reflexões em prosa


Preciso De um dono, mesmo que ele seja Deus, tenha uma barbinha branca e puna os transgressores.


Preciso de um dono, mesmo que ele se alie ao mal ou ao bem, pois para mim tanto faz, sou dependente de carinho, afeto ou partido.


Preciso de um dono, pois sei que fica mais fácil de ser identificado num mundo em que as pessoas não se entendem.


Preciso de um dono, destes que me diga o que fazer e o que pensar, pois já me acostumei a obedecer.


Preciso de um dono, que me faça de bobo, que me engane e vilipendie a minha consciência, pois já me acostumei a ser vilipendiado.


Eu gosto de ter dono, pois não sei expor o que penso, e vivo apegado a conceitos tradicionais e vazios.


Eu gosto de ter um dono, deste que pense por mim, que fale por mim, que me mostre o que não consigo enxergar, pois é mais fácil terceirizar do que assumir o meu real papel neste mundo.


Eu gosto de um dono, dono de minha consciência, vez que não consigo me enxergar, e quando olho pra dentro de mim vejo apenas um vazio e uma solidão sem fim. E caso eu me esforce um pouco mais, vejo a foto de meu dono, pois sem ele eu não sou nada, e, as vezes acredito até que não existo.


Eu quero ter um dono e que não seja o universo, pois sou o centro dele e todas as atenções devem estar voltadas para mim. Não posso assumir compromissos universais, pois isto dá muito trabalho e meu dono vai ficar com raiva de mim.


Aratanan de Aracruz – É bom ser umbandista e livre!


Imagem ilustrativa sem uso comercial importada de matriz2006.blogs.sapo.pt/2008/03/

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